sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Crentes

És uma crente! - dito assim mesmo, desta forma - és uma crente!


De cada vez que eu 'puxo da carteira' para ajudar uma qualquer causa, seja ela a do rapaz que nos aborda na rua, seja da que se divulga nas redes sociais, lá vem o maridão com o seu "és uma crente"!!
Na verdade, não somos propriamente ricos ou de famílias endinheiradas, a nossa vida profissional é extremamente inconstante e temos despesas que nos saem "certinho, direitinho" todos os meses da conta, mas, felizmente, ainda temos comida na mesa. Ainda temos luz e água em casa. Temos casa. Temos saúde.
E eu gosto de acreditar no lado melhor das pessoas e confiar naquilo que me dizem ou me mostram.
O maridão lá vai ia dizendo que eu sou uma crente. Que sei lá para onde é que aquele dinheiro vai. Que o mais provável é estar a encher "panças" a outros.
É certo que nem sempre são grandes ajudas, mas são o que está ao nosso alcance. E se me estão a enganar, esses que vivam com a sua consciência, se assim o conseguirem. Eu continuarei a confiar, até prova em contrário!
Mas ele lá ia continuando a dizer que eu era uma crente. Até há cerca de uma semana atrás. Naquele dia à noite, depois de regressar de uma viagem, confessou-me que nunca mais me ia chatear com 'as moedas' que eu tanto gosto de distribuir.
E assim, meio embaraçado, lá desfiou a história do homem sexagenário a quem deu boleia, que tinha perdido o emprego e não tinha um tostão para regressar a casa, a mais de 300 km dali. E enquanto ele me explicava como se compadecera daquelas velhas lágrimas enregeladas e revelava, a medo, o dinheiro que lhe dera antes de o deixar perto da estação de comboios, eu só conseguia pensar que não é por acaso que amo tanto este meu marido, de coração tão gigante... e, afinal de contas, tão crente quanto eu!

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